Vi primeiro na Denise, e agora estou acompanhando a repercussão: na semana de moda de Madri modelos com Índice de Massa Corporal (IMC) menor que 18kg/m² foram proibidas de desfilar.

Vibrei com a notícia, é óbvio! Não tenho nada contra as mulheres magras, mas não posso admitir que a magreza excessiva se torne um padrão estético, influenciando (e, por vezes, atrapalhando) o crescimento saudável de crianças e adolescentes, e destruindo a auto-estima de mulheres adultas.

Considero que essa imagem feminina idealizada o tempo todo pela mídia, reforçando a idéia de magreza e juventude (já notaram que a maioria das modelos parecem recém-saídas da infância? Depois reclamam de pedofilia…), é uma violação dos direitos humanos, pois trata-se de uma forma de violência psicológica, gera angústia, insegurança, sensação de inadequação e discriminação na maioria das mulheres, prejudicando sua vida social. Pra piorar, prejudica o pleno desenvolvimento infantil ao exigir maior atenção das meninas à estética que a outras formas de realização pessoal. É por isso que apóio toda intervenção que procure valorizar a diversidade de corpos femininos e desincentivar comportamentos pouco saudáveis, como o excesso de esforço para ser magra demais e a necessidade de adotar um padrão de beleza único e irreal para ser feliz.

Vi muitos comentários exaltando a indústria da moda por gerar empregos, e afirmando que as modelos precisam ser magras para que o destaque seja da roupa. Sei que a moda é importante para a economia, fundamental para a identidade visual e fortalecimento de grupos sociais, mas daí a defender que meninas tão magras que têm o cotovelo mais largo que o braço sejam “cabides” de roupas é um absurdo completo.

É possível fazer moda artística e acessível a todas, sem valorizar apenas os “cabides”, e continuar tendo lucro e gerando empregos, sim, basta querer. A resistência dos estilistas em mudar esse padrão é bem difícil de entender, exceto se pensarmos em termos de masculinização do corpo feminino para se ter sucesso, ou uma forma disfarçada de submissão através da violência física ou psicológica… se forem realmente esses os raciocínios, são lamentáveis.

Outros comentários me incomodaram pelo tom de “governo querendo mostrar serviço”. Como é necessário mudar alguma coisa na questão da imagem feminina na mídia, por qualquer ponto que se comece (publicidade, moda, atrizes, cantoras, jornalismo) está de ótimo tamanho. O que não pode acontecer é, sob uma pretensa alegação de perseguição a uma indústria que rende rios de dinheiro, deixar que modelos morram de inanição nem que se tornem exemplos estéticos únicos a serem seguidos por toda a população feminina mundial, especialmente quando divorciados de um corpo saudável e de respeito a diferenças étnicas.

E, antes que alguém venha criticar as mulheres que querem ser magras e elogiar a preferência masculina por mulheres mais cheinhas, favor ler o post abaixo.

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