O Decreto Imperial de 15 de outubro de 1827 instituiu as escolas de primeiras letras no Brasil. O ensino era diferenciado por gênero. As meninas não poderiam aprender geometria e estavam limitadas às quatro operações básicas, além de serem obrigadas a receber aulas de prendas domésticas. A professora deveria ser brasileira e honesta. Os ordenados e gratificações das mestras deveriam ser iguais aos dos mestres.
O Decreto 52.682 de 14 de outubro de 1963 instituiu o 15 de outubro como Dia do Professor (no singular e no masculino, embora na época as mulheres já compusessem grande parte do magistério), declarando que é feriado escolar e uma data para “promover solenidades, em que se enalteça a função do mestre na sociedade moderna”.
Felizmente, os tempos mudaram, e hoje o ensino é, em tese, igual para tod@s, com turmas mistas e professores de ambos os sexos. Lamentavelmente, o decreto de 1963 não foi muito eficaz: hoje é 15 de outubro, e até agora, só meu marido, também professor, se lembrou que hoje é nosso dia. Um sinal inequívoco de que nossa profissão está cada vez mais desvalorizada.
Gostaria que as pessoas entendessem que a aula é a parte pública de um longo preparo privado. Parte das férias, e durante todo o curso, estamos preparando aulas, além de utilizar feriados para corrigir trabalhos, passar noites em claro elaborando e corrigindo provas. Não é fácil, mas é gratificante perceber que, graças ao nosso esforço, as pessoas (inclusive nós, professores) se modificam. Algumas para melhor, outras para pior, mas sempre há uma alteração. É uma pena que as pessoas se esqueçam de uma profissão tão influente e interessante.
Espero que os próximos anos sejam mais animadores.