Uma das coisas que me irritam muito é ver gente criticando o bolsa-família enquanto demonstra que não sabe nem do que se trata, como a nova primeira dama de São Paulo fez. Pior, desconhecem tanto a pobreza do país que passam a supor que a vida classe média que têm é igualzinha para pobres/miseráveis.
Detesto o discurso “não gosto de dar o peixe ao invés de ensinar a pescar”. O subtexto é que ensinar a pessoa a trabalhar é mais importante do que mantê-la nutrida e saudável, preparada para aprender qualquer outra atividade. No entanto, quem defende essa lógica são as mesmas pessoas que NÃO ensinam a pescar: querem funcionários de confiança e com experiência, mas não dão oportunidades para primeiro emprego, desrespeitam a legislação trabalhista, contratam gente que mora perto pra economizar na passagem de ônibus (fazem ideia do problema disso para quem mora em cidade-dormitório?), fazem contratos informais e dispensam a pessoa ao fim do serviço sem receber um tostão, só aceitam pagar valores abaixo do mercado, exigem requintes de educação impossíveis (pessoa não tem nem o que comer em casa, como adivinhará a forma correta de servir à mesa?) Resumindo: ensinam, dão oportunidades? Não. Estimulam o governo a melhorar a situação dessas pessoas? Também não. E assim, pra essas pessoas, boa parte do mundo deve continuar na miséria.
Trabalhei em uma região de grande vulnerabilidade social em 2005, e foi lá que aprendi a dar valor ao bolsa-família. Pra começar, a maioria das pessoas que eu atendia tinha renda zero e baixíssima escolaridade. Quando conseguiam trabalhar, eram atividades informais, ocasionais (e beeeem espaçadas), nas quais recebiam pouco (o que me dizem de um dia inteiro de faxina por DEZ reais?), isso quando recebiam. Se não fosse o bolsa-família (que na época era 15 reais por criança ao mês), não teriam nem o que comer. Como precisavam cumprir as exigências do governo, as crianças tinham registro de nascimento, estavam vacinadas e iam à escola. Sim, sei dos problemas da escola pública, mas é bem melhor que ficar à toa na rua ou em casa, e ainda tem a questão da merenda, que garante um mínimo de nutrição a quem tem – quando tem – apenas farinha e água em casa.
Voltei à região recentemente, e fiquei bastante impressionada com o que vi. Não é o melhor dos mundos, mas a situação melhorou bastante. As crianças cresceram, continuam na escola, e agora são atendidas por programas sociais específicos (a maioria deles recebe verba do governo federal), com atenção para a cultura, encaminhamento a cursos profissionalizantes e parcerias para geração de emprego e renda. Jovens já trabalham e sustentam a família, há até quem está na faculdade pelo Prouni (e infelizmente sofre bullying devido à sua história de vida). Há um clima de esperança, de melhoria de vida, e não mais de desespero e fome. É muito bom ver esse progresso. E é nessas horas que entendo que uma política que parece “assistencialista” é na verdade uma política pública de redução da miséria e estímulo da economia que permite o desenvolvimento social.
Claro que já vi e ouvi gente dizendo que vai ter filhos porque o bolsa-família ajuda a criar. Curiosamente, todo mundo que me falou isso era classe média (ou seja, tem renda muito mais alta que o exigida pro bolsa-família) e era homem (em nossa sociedade, trata-se de alguém tradicionalmente mais interessado em se reproduzir do que cuidar dos filhos ou planejar orçamento). Basta ver os valores e requisitos para o bolsa família pra perceber que mesmo a bolsa-família é pouco pra criar um filho. E se a pessoa não entende que esses valores são pouco para se ter uma vida digna, atenção: trata-se de alguém que não tem a menor noção de custo de vida e, portanto, não é confiável pra falar sobre esse assunto.
Bom, o que eu posso concluir é que, se não fosse o bolsa-família, as pessoas que o recebem estariam em situação bem pior, com crianças desnutridas, fora da escola e sem perspectiva de futuro, inclusive profissional. As cidades onde não há bolsa-família teriam de arrumar outras formas e verbas para fixar a população, incentivar a economia e melhorar os serviços básicos. A miséria estaria aumentando, e não diminuindo, como tem acontecido nos últimos tempos. Pode não parecer um sucesso para a oposição ao governo federal e para quem tem alimentação, saúde, trabalho e transporte minimamente decentes, mas tenho certeza que é um sucesso para quem oito anos atrás vivia em situação degradante e hoje já tem perspectiva de futuro.
[…] This post was mentioned on Twitter by Túlio Vianna, Cynthia Semíramis, Zenon de Araújo, Francine Barbosa, Ramiro Catelan and others. Ramiro Catelan said: RT @semiramis: Novo post no blog, com observações sobre bolsa-família: http://cynthiasemiramis.org/?p=1302 […]
Nossa, como eu concordo em tudo com o que você escreveu! Quantas vezes tive que lidar com cientistas sociais que enxergam as mazelas sociais como experimento científico e disparam discursos contrários.
Esses não sabem a diferença que faz na auto-estima dessa população ter um prato de comida para dar aos filhos.
Não se faz revolução se a fome é a principal inimiga, ou a falta de educação, perspectiva etc.
Sim, é isso que esses projetos apresentam a essas comunidades, perspectiva! E isso faz toda a diferença.
Nossa, fiquei muito irritada com essa primeira-dama. Quando ouço esse tipo de comentário sobre bolsa-família tenho normalmente 3 reações. 1) perguntar – você realmente conhece alguém que não trabalhe pq recebe bolsa-família? De verdade, não de papo, não essa lenda urbana? Duvido. (nunca conhecem ninguém, é sempre alguém que contou de um vizinho que a empregada teria deixado de trabalhar pra ficar em casa); 2) lembro de que quando era o Betinho dizendo que “quem tem fome, tem pressa”, todo mundo se emocionava, mas a solidariedade acabava junto com o Natal; 3) vou além na minha grossura e pergunto “contra o Bolsa-Paris você não é contra, né?” Pq
(ops, dei enter) … pq geralmente são pessoas de classe média alta que adorariam e tentam com toda força receber algum tipo de sustento estatal: bolsas de mestrado, doutorado, concurso público etc.
Nossa! Seu texto é perfeito! Talvez muitos que venham a comentar escrevam o mesmo que a Patrícia aí em cima: “como eu concordo em tudo com o que você escreveu!”… é porque realmente você conseguiu meio que “condensar” o sentimento de quem entende que o Bolsa-Família veio para ajudar quem mais precisa, não para criar vagabundo (como eu já ouvi da boca de um médio-classista criado com tudo do bom e do melhor em volta).
Parabéns pelas palavras! Como não conhecia seu blog (cheguei aqui após um RT da @bete_davis), vou favoritar! =)
Realmente essa nova primeira dama ( e todas as pessoas alienadas) não têm noção do país em que vivem! Fico decepcionada com total falta de entendimento e ainda dou este direito de me surpreender!
Sou a favor de dar educação, mas também de ajudar o que pode ser mais urgente.
Cynthia, me azedou a manhã ler a coluna sobre a 1a dama. O tempo passa e esse tipo de figura não se atualiza, não muda, raríssimas são as que fogem do modelo da dondoca cabeça-de-vento. Pior se pensarmos que elas “representam” o Estado, na qualidade de esposas de governantes.
Tem rolado por aí há um tempo um e-mail asquerosíssimo que diz algo como “Vai transar? O governo dá camisinha. Já transou? O governo dá pílula do dia seguinte. Fez filho? O Bolsa-Família ajuda a criar” e assim por diante. A mensagem é um manifesto daqueles “indignadinhos” contra o povo que vive “sem trabalhar às custas de quem trabalha e estuda”. Tem um prolongamento dessa mensagem que fala sobre um auxílio que pode ser requerido pelos dependentes de presidiários que tenham contribuído (dentro de alguns parâmetros e faixas de valores). Pro pessoal que repassa a mensagem (sem no entanto ir lá no site pra ler do que se trata e quais são os critérios para concessão do auxílio) é “bolsa-prisão pra sustentar vagabundo no xadrez às custas da gente”.
FIquei enojada e decepcionada com a pessoa que me repassou a mensagem, comentando algo como “ai que absurdo, a gente trabalha e olha só como vagabundo vive bem” e coisas do tipo. Deu vontade de responder no mesmo nível de tosquice, mas deixei pra lá. Fácil pra burguesa que faz festa do filho no buffet caro de SP e que vai pra Camburi no feriado falar aquilo. Difícil é tentar nadar com a onda forte de água podre batendo na cabeça. Realidade que ela não conheceu jamais e que despreza.
Lamentável.
Ótimo texto, parabéns pelo post!
Cynthia, essas declarações nem me surpreendem mais… Meu post com maior número de comentários desde que comecei o blog foi este aqui, sobre bolsa família e empregadas, entre outras coisas. O que apareceu de gente pra condenar o bolsa família não tá no gibi… Uma das maiores queixas é que agora ficou mais difícil arranjar empregada doméstica. Quem diz uma coisa dessas, uma patroa ou uma empregada? Como se limpar casa fosse um emprego dos sonhos!
Acho interessante a contradição do PSDB e de seus eleitores em relação ao bolsa família. O Serra não vai dizer que vai cortar o programa, lógico. Pelo contrário, diz que vai ampliá-lo, e que foi o FHC que o criou – logo, o mérito é dele, não do Lula. Por outro lado, eles vem com essa história de que é um programa assistencialista, que dá o peixe sem ensinar a pescar, chamam de bolsa esmola, e reclamam de ser eleitoreiro. Parece que o PSDB tem um discurso para os eleitores pobres (os que recebem bolsa família) e outro para os eleitores ricos, como a primeira dama paulista.
Enquanto isso, o programa vira referência mundial de como tirar muitos da miséria com tão pouco e começa a ser copiado em vários lugares do mundo. Entre eles… Nova York! Essa cidade a primeira dama deve conhecer, né?
Existe esse conceito de que todo pobre não quer trabalhar e é um encostado que merece continuar vivendo na linha da pobreza. Não sou contra a política e ela vem minimizando a disparidade. Por outro lado, eu tbm entendo a crítica da classe média, mas acho que eles não compreendem que para poder “aprender a pescar” a pessoa deve estar nutrida, vestida etc. O que me preocupa é a falta de outras políticas. Planejamento familiar, por exemplo.Adorei o seu texto, o último parágrafo foi perfeito!
Eu acho tão patético esse argumento de que alguns deixam de trabalhar e vivem de bolsa família. Pq em primeiro lugar devem viver muito mal ne? Em segundo lugar isso não seria justificativa pra acabar com o programa, mas sim de fiscalizar como está funcionando e tals. Assim como boa parte dos políticos simplesmente não trabalha e vive de seus benefícios, esses sim, vivem muito bem obrigada. Da mesma forma que a solução não é acabar com os políticos, a solução não é acabar com o programa. Isso tudo, se é que existem mesmo essas pessoas aí, pq eu nunca vi. Tá no plano da lenda mesmo.
Cynthia, não tenho palavras a mais. É isso aí. Essa falácia me lembra o monte de gente que faz concurso público por causa da estabilidade.
São as mesmas pessoas que entendem esta política como assistencialista (hã-hã) e não tem a menor noção de que a MAIORIA dos brasileiros vive na miséria. E na miséria, não há como resolver nada.
Ótimas observações.
E de fato, só quem reclama do bolsa-família são médio-classistas que não possuem qualquer noção do que é pobreza. São pessoas que vivem tão enclausuradas em seu mundinho e verdade, que desconhecem qualquer outra realidade que não a sua.
Cynthia,
Tenho que discordar de você. Ainda que diversos de seus pontos sejam verdadeiros em teoria, eles não resistem à realidade. Visitei ao longo de um ano, a trabalho, diversas (40+) cidades do interior do Nordeste, e pude constatar que muitas pessoas, lamentavelmente, passaram a viver do bolsa família em vez de continuar exercendo suas atividades.
Há casos de artesãs e doceiras que deixaram de produzir suas artes e doces, homens que abandonaram seus postos de trabalho e passam seus dias em botecos, além de diversos outros casos com o mesmo tema em comum: pessoas preferindo ganhar menos, sem trabalho, do que ganhar mais, trabalhando.
Pode-se até argumentar que a remuneração dessas atividades era e é injusta, e que não compensava, mesmo, o esforço. Mas uma visita a essas cidades lamentavelmente aniquila a tese de que o bolsa-família não é assistencialista.
ô Cynthia, querida!
Obrigada, obrigada, obrigada! Disse tudo, com toda a propriedade e seriedade. Não há que reclamar de nenhum avanço que fizemos, seja em qual governo for.
E lendo o teu post levantei as mãos por ter passado batida por esta notícia. Eu ia ferver e não teria armas para me expressar.
beijos
Sim, o bolsa-família sem dúvida é o socorro para muitas famílias que estavam em situação de desespero.
Concordo também com a idéia de que é fundamental “ensinar a pescar” sim. BUT a maioria esmagadora que critica programas socias, com base nesse “ensinar a pescar” resolve tudo, realmente não move um dedo para “ensinar” palha nenhuma.
Dia desses fiquei ainda mais feliz com o Programa Bolsa Família ao ouvir a Voz do Brasil (coisa que a Classe Media way of life não faz) em que se divulgava SIM um programa de capacitação para as famílias que tem acesso ao Bolsa Família. Diversos cursos financiados pelo Governo Federal, com o objetivo de trazer a quem recebe hoje o BF uma possibilidade de melhor empregabilidade e melhor renda.
A pobreza e principalmente a manutenção da pobreza são formas claras de dominação. Natural que as classes abastadas e dependentes do serviços prestados pela criadagem e serviçais fiquem incomodados com a possibilidade de perder os privilégios de ter quem limpe as próprias privadas, quando não custa nada saber fazer isso por si mesmo.
Abraço!
Eu sempre digo o seguinte: se é tão bom assim viver de bolsa-família, se é tão ruim ser classe média e trabalhar “pra pagar imposto e sustentar vagabundo”, por que essas pessoas simplesmente não mudam de lado? É simples! Basta pedir a conta do emprego, no caso de empregados, ou parar de trabalhar se vc for autônomo. Em seguida, doar todos os bens para amigos, desconhecidos ou instituições. Reserve para si e sua família apenas um barraquinho bem simples, de um cômodo, na periferia da sua cidade. Cadastre-se no programa social e pronto!!! Vc vai ter a vida que pediu a Deus.
O que os críticos que afirmam que o programa é eleitoreiro não percebem, é que na verdade, o governo está apenas cumprindo preceitos constitucionais. Veja-se que a Constituição Federal de 1988, numa demonstração de ser eminentemente humanista, em seu art. 1º já determina que a República Federativa do Brasil tem como fundamento entre outros, a dignidade da pessoa humana. Já em seu art. 2º, coloca entre seus objetivos fundamentais, erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais, bem como promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.
É de se ressaltar que o art. 1º faz parte do título I da Constituição Federal/88, justamente aquele que contém os Princípios Fundamentais da República Federativa do Brasil. Temos que ter em mente que princípio é um mandamento nuclear que deve se espraiar por toda a legislação infraconstitucional. Aliás, não é apenas sobre a legislação. Segundo a doutrina, ela deverá irradiar seus efeitos também sobre o poder executivo e o poder legislativo, eis que hoje impera o Princípio da Máxima Efetividade das Normas Constitucionais, principalmente se elas forem favoráveis ao trabalhador e à pessoa humana.
Assim sendo, se cumprir um mandamento constitucional é ser eleitoreiro, que se cumpra a Constituição. Além de ser um investimento (insuficiente) em capital humano, ele cumpre, ainda que timidamente, a função de desconcentração de renda, ajudando a reduzir a população miserável do país.
Jorge André Irion Jobim. Advogado de Santa Maria, RS
http://jobhim.blogspot.com/
Excelente seu artigo, direto, claro, honesto.
Tomei a liberdade de replica-lo em meu blog, linkado direto para o seu.
Obrigado por este texto maravilhoso
O que mais me irrita nesse povo que é contra o Bolsa Família é que ninguém critica os governos quando eles doam bilhões de dólares para salvar bancos. E se for assistêncialista, o que ´é que tem, o papel do governo é dar assistência a sua população, principalmente a que nada tem. Está garantido na nossa constituição, mas esse povo que é contra, não quer nem saber… Eles gostavam mesmo é quando a Globo e a Veja exibiam matérias como a do Homem Gabirú, quem tem hoje 40 anos como eu há de lembrar. Eram pessoas que ficavam muito pequenas, porque não ingeriam as quantidades mínimas de nutrientes para se desenvolver. Sinceramente pouco me importa que alguns digam que vão ter mais filhos pra ganhar Bolsa Família, ou que alguns outros parem de trabalhar, porque a maioria não pensa assim e não se pode desprezar todo um projeto de fomentação de cidadania, renda e economia por causa de meia dúzia de otários. O que eu sempre desejei, desde muito jovem, é que não houvesse gente que passasse fome nesse país. a coisa tá melhorando, e muito. O Lula é 10, e se ele não tivesse feito mais nada além de criar o Bolsa Família que tirou milhões da miséria, pra mim já estaria valendo. e para quem vier dizer que o projeto era do governo FHC, uma banana pra vcs. A idéia original foi do Betinho, que Deus, se existir, o mantenha à sua direita, ele era “o cara”.
Hoje em dia tenho alguns critérios pra deixar as pessoas entrarem na minha vida, logo que conheço alguém costumo perguntar o que a pessoa acha do Bolsa Família, dependendo da resposta, não faço nem questão de ter essa pessoa como amigo, pois para mim é uma questão de justiça social e quem é contra justiça social, francamente, pra mim, é díficil acreditar que tenha bom cárater. Podem me chamar de radical, talvez eu seja, mas depois de certa idade, a gente não liga mais para o que falam da gente, e eu prefiro me poupar e não conviver com gente egoísta que só olha o próprio umbigo_ Um beijo, amei o post, vou enviar para alguns amigos que tb. sei que vão gostar.
Se são contra o Bolsa-Família (benefício recente), porque nunca reclamaram do item Dedução por Dependente no IRPF?
Se eu pudesse pagaria para todas as mães um salario digno para elas cuidarem dos seus filhos e não terem que deixa-los ao Deus dará para irem cuidar dos filhos dos outros por um salário mínimo…
Olá Cynthia,
Cheguei aqui através da Lu Ladybug Freitas. Ela sempre com ótimas dicas. 🙂
Eu acho que programas de distribuição de dinheiro, comida ou seja lá o que for para a população abandonada é fundamental, e esse, o Bolsa Família (ou qualquer outro nome que teve), tem sido um dos maiores projetos nacionais que já vi. E te garanto que não sou mais criança. 😉
É verdade que sempre vai aparecer uma dondoca rica como a nova primeira dama de Sampa para falar mal do projeto. Assim como sempre vai aparecer um político velhaco para dizer que isso é assistencialismo barato à cata de votos, como o Lula fez em campanha em 2000 (busque no Youtube Lula + bolsa + família).
Essa senhora, Dona Deuzeni Goldman, com sua pobreza de visão, vai se juntar a outras primeiras damas (anoréxicas de ideias e ideais) que nos fazem morrer de saudades de Dona Ruth Cardoso, uma das responsáveis pela implantação do grande projeto nacional conhecido hoje como Bolsa Família.
Excelente seu texto Cynthia. Excelente a dica da Lúcia.
Abraços e sucesso,
Nelson
Bem, concordo com quase todos os seus argumentos, achei alguns vagos (por exemplo quando vc fala sobre quem são as pessoas que refutam o programa) e acrescento que quem falava mal do Bolsa Família, como Lula e Cia., agora o quer funcinando ad eternum por questões eleitorais.
Trilhando a estrada anil da Rita cheguei a este blog e a este post. A leitura me enterneceu e me deu mais ânimo. Análise precisa, clara e bem escrita. Obrigada. Um abraço
É claro que a oposição ao atual governo nunca se mostrará feliz com essa situação atual, pois demonstra que enquanto estavam no poder poderiam ter feito muito mais do que fizeram e simplesmente ignoraram…
Por estas e outras razões é que considero o PSDB a pior opção na atual campanha:
PSDB é um passado que eu não quero de volta na minha vida…
Abraços…
Concordo com tudo o que falou, mas sonho com o dia que teremos escolas públicas e um ensino fundamental bom para todos, boas escolas técnicas, etc
A soma da bolsa ou posso dizer, o braço inicial para levantar aquela família, deveria vir acompanhado de mais. Pode parecer utópico no momento, mas seria o que realmente mudaria nosso país.
A minha empregada (antes que joguem pedras rs …respeito as 8hs/diárias, pago salário, + $ da passagem como bonus pq ela vem de bike e gostamos do trabalho + INSS integral) outro dia quase perdeu o bolsa pq ela não tinha feito o recadastro. Tirou o dia e resolveu. Retornou aliviada pq usa o $ (ganha R$80) p/ livros, uniformes, roupas p/ os filhos e pq não até um passeio ou outro (acesso a alguma cultura tb é importante, é educação).
Entendo a revolta ou ignorância de alguns. Viajo p/ o PA todo ano e lá presenciei a destruição de uma praça pq as quentinhas (ajuda) chegaram atrasadas. Tb já vi de perto o ex. de quem se aproveita do Movimento sem Terra. Qud vou para o interior é comum ver uma casinha, o homem na rede, uma micro horta p/ garantir os benefícios… Aproveitadores sempre existirão (seria viável uma fiscalçização melhor?). Não quer dizer que os inocentes devem pagar por isto.
Tanto na universidade em que eu estudo (apesar de ser uma universidade pública) quanto na empresa pública em que eu trabalho, eu ouço essa história de que “Bolsa-Família” só serve para sustentar vagabundo. Os “reaças” me enchem os ouvidos e me pasteurizam o sangue com esse tipo de preconceito…
Já fui muito pobre. Não a ponto de passar fome e não ter acesso ao básico, mas sei o que é não saber como vai se repor um botijão de gás que acaba e o que é a façanha de conseguir um “rancho” para passar o mês. E mesmo assim, eu via meu pai ou minha mãe saindo antes do sol nascer para trabalhar e voltando à noite. Dia após dia.
Se esses classe-média soubessem o que essa pequena quantia de dinheiro representa para quem tem muito pouco, não seriam tão imbecis no que falam…
Samantha
Eu sou nordestino, trabalhei diverssas vezes junto a pesquisa de âmbito social através de uma bolsa universitária. Há poucos meses conclui um outro trabalho, que consistia em mapear as associações e grupos de trabalho coletivo em todo o território brsileiro. Só na minha região eu ( somos 6 mapeadores) pesquisei 20 associações e grupos coletivos de trabalho, entre artesãos, apicultores, agricultores e etc.
O fato é que, pelo menos nessa pesquisa, as famílias das associações não viam o bolsa família como um “ganha-pão”, pelo contrário, quando fazíamos o questionário eles diziam que “o bolsa família ajudava, mas era pouco”. Muitos deles viviam do que eles produziam. Seria sem lógica eles pararem de trabalhar para viverem só do bolsa família, afinal, uma família com muitos filhos e sem uma renda fixa, não sobreviveria só com o bolsa família.
Sou a favor de uma fiscalização mais ampla no que diz respeito a como está sendo usado o benefício, mas agora dizer que os pontos citados no artigo “não resistem na realidade”, acaba se tornando uma generalização equivocada de sua parte.
Abraços, P.C Lira Vieira
é simples a pergunta…
Voce criaria um filho com R$ 22,00 por mês?
e para ter esses R$ 22,00 vc precisa ter uma renda per capita de até R$ 140,00 mensal. Isso é por exemplo uma família de 4 pessoas com até um salário mínimo (545,00)
Parabéns pelo e belíssimo e teorizado artigo. Só defensor da bolsa por que venho de família pobre, presencie minha mãe trabalhando como se fosse maquina sem direito nada.
Hoje graças aos projetos sociais os favelados estão tendo oportunidades de sair da linha pobreza. Fui beneficiado com uma bolsa do prouni, e estou fazendo uma nova trajetória.
Todavia talvez meu tempo esteja curto para grandes mudanças, pois tenho 50 anos e só agora conseguir entra na faculdade. Fico às vezes imaginado e se existisse esses projetos há mais tempo?E se as pessoas que possui o poder fossem mais sensíveis as causas populares?Será se eu chegaria mais longe?
Desculpe a pobreza do texto, é o rasto da fome, do acesso a escola com 10anos que ainda acompanha-me.
Mesmo assim não me sinto angustiado, estou tendo a felicidade de vê às mudanças que vai gera um mundo melhor.
O governo e os empresários em geral sempre quando se referem ao desemprego, querem dar a entender que a culpa do sujeito estar desempregado é dele mesmo, quando que na maioria
das cidades sequer existe uma Senai etc para ele se qualificar… E quanto aos que já passaram dos 30, 35 etc… Se estes não tem condições de pagar por um bom curso (quando encontram) estão “ferrados” Porque se depender do governo, só encontrarão porcarias de cursos que não lhes valerá de absolutamente NADA. Isso, quando os cursos não tem limite de idade, o que é muito comum. Então só os jovens podem ter a chance de se qualificar? E os mais velhos? Terão de roubar para pagar comida, aluguel, água, luz etc ? Se um sujeito, por exemplo, ganha 622,00, como pagará um curso de 400 ou até mesmo de 500? Bem!!! Não pagará! Continuará a ser burro de carga pelo resto da vida ao mesmo tempo em que aumentam também os burros de carga desesperados nas portas das empresas em busca de uma vaga qualquer. Conveniente não?
[…] Um ótimo texto sobre o bolsa-família – Clique e leia! […]