Faz tempo que vi uma discussão no orkut sobre como identificar filmes sexistas. Anotei os links, perdi completamente a comunidade e o desenrolar da discussão, e ainda penso muito sobre o que li.
Alison Bechdel considera que um filme, para não ser sexista, deve:
Um das consequências de adotar este método é deixar bem claro o déficit de representação feminina nos filmes. Natasha, do Homo Academicus, aplicou essas regras aos filmes da Pixar e, da lista completa, só “Vida de inseto” e “Os incríveis” se salvam (mesmo assim, nos Incríveis há uma limitação, já que as mulheres falam apenas de família e roupas, reproduzindo estereótipos relacionados aos interesses femininos).
Gostei muito desse método, e pretendo usá-lo nas próximas análises de filmes e livros.
Atualização em 15/11: acabo de ler no blog da Elyana que a discussão foi esta aqui.
muito curioso o critério!
acho que se as mulheres no filme não falarem só sobre homens mas falarem só sobre homens e tarefinhas da vida de uma amélia, por ex., ainda é sexista. Vou começar a reparar mais nisso… e o triste é que essas representações femininas em filmes acabam “ensinando” muito!…
(e depois tem imbecis que saem dizendo que é uma questão simplesmente genética…)
Lawrence da Arábia não tem nem uma mulher, em momento nenhum. E, se tivesse, para incluí-la, aí sim iria virar sexista, porque o papel seria de pelo menos de concubina ou de esposa islâmica(vamos ser realistas). E é um bom filme.
Cynthia, eu fiquei pensando e são pouucos filmes que escapam heim? Que coisa!
Lu, é muito curioso mesmo, e a gente acaba pensando por outro ângulo.
Maninha, a questão não é ser um bom filme (nem entro nesse mérito, não lembro de nada do Lawrence), mas qual o grau de participação, e qual a qualidade da participação das mulheres nos filmes. Na maioria, a função delas é enfeitar ou valorizar o herói – sempre um homem. E quando há mais de uma mulher, é comum elas serem tratadas como inimigas, reforçando a idéia de que mulheres são traiçoeiras e competitivas. Um filme ou outro até que passa, mas a maioria deles ser assim é beeem complicado… vai que o povo acredita que esse tipo de cinema é um retrato da realidade?
Nalu, fiquei pensando nisso também. E os poucos filmes que escapam são considerados filmes de mulherzinha e, de certa forma, proibidos para homens…
Lembrei de vc na hora que vi o trailer rs…
A opinião abaixo é de um redator homem, lá do Omelete… Mas o cara parece que gostou do SEX rs…
MULHERES – O SEXO FORTE
(The Women, EUA, 2008)
“É surpreendente como um filme feito por mulheres e para mulheres consiga ser tão restrito e superficial. É também inexplicável como atrizes do gabarito das protagonistas tenham aceitado fazê-lo, já que todas as personagens são absolutamente dependentes de seus homens, sejam eles família ou patrões, no início – um conceito jurássico para um filme moderno. Creio que a única razão da existência desse filme – e sua distribuição no Brasil – seja uma possível comparação com o fenômeno Sex and the City, que, com todos os seus problemas, oferece ao menos personagens críveis. Mas a comparação pára nas bolsas e sapatos fashionistas.”
http://www.omelete.com.br/cine/100015348/Mulheres____O_Sexo_Forte.aspx
Erika, pelo trailer, o filme merece TODOS os xingamentos… detesto essa visão de mundo mesquinha, futriqueira, a favor da manutenção do casamento a qualquer custo, e concordo com a Lola: qualquer comédia que tenha mulher chamando outra de vagabunda e autorização pra bater uma na outra merece a minha reprovação. Até porque umas coisas dessas estão bem longe de serem engraçadas.
Eu tenho uma certa dificuldade pra conseguir filmes de comédia, todas as piadas são sempre sobre gays, antes eu até ria, hj em dia, eu fico me perguntando do que é que o povo tanto ri. Recentemente caí na besteira de alugar “Ligeiramente grávidos” (vc ia odiar por N motivos, mas o principal é que o casal faz sexo sem camisinha, eles não se conhecem, e resolvem ter o filho, e são felizes para sempre, bem pró-life, comédia) mas 80% do texto são piadas sobre gays e mulheres! É assim que se constroem machos, né? Olha o Borillo aqui rs…
…é assim que se constróem machos, e não só.. mas mulheres também. sex and the city e todas essas representações de mulheres acabam não só sendo didáticas mas sendo uma cobrança tbm. tipo: toda a vida humana é ou de mulher ou de homem e cada uma dessas 2 categorias possíveis tem sua forma prevista. e não existe sair disso… é mto triste.
vc tbm acha críveis as personagens de sex and the city? pra mim todas elas parecem caricaturas.
Bom, eu sou bastante radical nisso, então só posso dizer: cinema é um meio caro. Há pouquíssimas mulheres dirigindo filmes. Não apenas em Hollywood, mas em todo o mundo. Elas certamente não chegam a 20%. Há ainda poucas mulheres que escrevem roteiros. O único lugar onde se vêem muitas mulheres é na área de casting (ajudar o diretor a escolher o elenco) e design de roupas. O resto… Existem filmes feitos “pra mulheres”, que muitas vezes são tão sexistas quanto filmes sem nenhuma mulher no elenco. Mas mesmo esses filmes são feitos por homens. Um homem pode fazer um filme não-sexista, que aborde ansiedades ditas femininas? Pode. Mas é raríssimo.
Hoje acordei pensando em Tootsie, não sei porquê. É um filme que adoro. Mas ele também é sexista. Propaga que os homens são melhores feministas que as mulheres…
http://www.escrevalolaescreva.blogspot.com