Se havia alguma dúvida de que a campanha para as eleições de 2010 esbarraria no sexismo, essa dúvida se dissipou definitivamente hoje. Marcelo Coelho, membro do Conselho Editorial da Folha, escreveu em seu blog o post Lina Vieira, Dilma Rousseff, uma coletânea de pérolas machistas que se pretende análise das mulheres na cena política brasileira.

Análise de posicionamento político, que seria bom, não houve. Mas ele elencou quem é sexualmente atraente ou não (para os padrões dele), quem não se enfeita, quem é dócil e delicada, quem é agressiva, quem é assustadora, quem usa botox, quem não é charmosa, e por aí vai. Fico aqui aguardando a mesma análise a respeito do sex appeal dos candidatos do sexo masculino.

Se ele queria fechar o texto com ironia ao falar de Lina Vieira, não conseguiu. Por tudo o que foi descrito antes, resta às mulheres se retirarem da política, ou serem frágeis, delicadas, do jeito que TODO homem (a começar pelo próprio Marcelo Coelho, imagino, já que a perspectiva dele é universalizante) espera que uma mulher seja.

E, como meu tempo está curtíssimo, não vou me repetir. Prefiro indicar outros posts meus sobre abordagem sexista na política. Tem muita coisa sobre Hillary Clinton, por causa das primárias estadunidenses em 2008, mas não se enganem: são posts válidos para o Brasil também.

Sexismo e Hillary Clinton | Sexismo e Hillary Clinton, parte 2 | Hillary deveria trocar calças por saia, diz Donatella Versace | Baixa participação das mulheres na política derruba Brasil no ranking da índice de igualdade entre os sexos | Campanha Mais Mulheres no Poder

O pessoal do @Fora Yeda também escreveu sobre o post do Marcelo Coelho: Mulher na política: quem é comível e quem não é.

Marjorie Rodrigues também escreveu: Como você OUSA não ser “feminina”?