Revistas femininas adoram falar o quanto a mulher deve se enfeitar e se preparar para encontrar “o homem”. Só que, ao invés disso, deveriam criticar o quanto a mulher é condicionada, desde a infância, para depender de outras pessoas, especialmente no gerenciamento de dinheiro. Depois de encontrar “o homem”, uma mulher pode encontrar também sua ruína financeira, simplesmente porque confia nele a ponto de emprestar seu nome, suas economias, assumir empresas, pagar dívidas que não contraiu, viver na miséria…
Matéria de hoje no O Tempo aborda exatamente o problema das mulheres que, confiando no marido ou namorado, perderam o controle financeiro e se afundaram em dívidas. Lá também tem algumas superficialidades, como vincular o tipo de gasto com signos do zodíaco, mas isso não compromete o objetivo da reportagem: abrir os olhos das mulheres para que saibam separar a relação amorosa da relação financeira.
Quando li “O Machismo Invisível“, da Marina Castañeda, fiquei impressionada com o capítulo dedicado à relação – praticamente nula – das mulheres com o dinheiro. Somos condicionadas a acreditar que só os homens são especialistas em finanças e que o controle do dinheiro está vinculado à opinião masculina (forçando mulheres a prestarem contas – como se fossem crianças – e usarem artimanhas para obter o dinheiro necessário para as despesas domésticas, sendo que raramente há prestação de contas da parte masculina). Há ainda o mito romântico de que a relação amorosa, para as mulheres, deva ser de confiança e compartilhamento total, resultando em decepções financeiras durante o casamento ou divórcio.
Já se foi a época em que o salário das mulheres era todo entregue ao marido, mas infelizmente ainda falta muito para as mulheres aprenderem a gerenciar suas finanças sozinhas. Como resolver isso? Exigindo participar da administração dos bens da família, falando de dinheiro, fiscalizando investimentos e gastos, separando emoção e finanças. Mulheres sabem administrar dinheiro, sim, tanto é que administram as necessidades de suas casas, muitas vezes sem apoio da própria família. O problema está em entenderem que não vale a pena transferir sua independência administrativa para a opinião masculina, só porque existe o mito de que homens são melhores administradores. Se o fossem, mesmo, aquela reportagem que citei acima não existiria.
Na minha casa, minha mãe era quem sabia lidar com dinheiro, meu pai era um desastre total, cresci vendo isso, acho que ajudou um pouquinho, apesar de que sou meio ruim também, agora, aos 43 é que estou começando a pensar em cuidar do futuro.
Outra coisa que me irrita é esse estereótipo de que mulher gasta demais, eu vejo é muita mulher segurando as contas da casa e muito marmanjo gastando com o novo Playstation…
Beijocas!
Nossa, só depois de me separar eu consegui me equilibrar financeiramente, de dependesse do meu ex-marido para “controlar os gastos” eu ia morrer endividada. Adorei essa bola levantada, ótimo tema para discussão – o que eu conheço de mulher que trabalha, e às vezes até ganha mais, e que entrega o salário na mão do marido, ou que pede licença até pra comprar um alfinete, é impressionante.
Bjs
me lembrei de um jovem casal que conheço, com um filho bebê, e lá funciona assim: ela entrega todo o salário para ele, que faz as contas da casa no computador, num programa aí da Microsoft, e até pra comprar um par de sandálias há de se fazer o lançamento no orçamento discriminando tintim por tintim… Detalhe: ele tem Doutorado e ambos nem chegaram aos 30. Falei com a minha mãe: que meeedo!
Hum, aqui em casa, infelizmente somos os dois analfabeto no assunto. Mas, minha mae é um exemplo, consegue fazer tudo o que quer se se apertar.
Vixe, pelo visto, analfbetoS mesmo! 😛
AnalfAbetoS! Ah, xapralá!
Cynthia, como sempre, lendo seus textos aprendo mais. Parábéns, seus textos estão excelentes!