Quando soube que Hillary Clinton está sondando suas chances de ser a candidata democrata para o cargo de presidente dos Estados Unidos, lembrei-me de uma piadinha velha que muita gente cita como uma demonstração do poder feminino:

Bill Clinton estava andando de carro com Hillary. Param em um posto de gasolina. Hillary reconhece o frentista, pois havia sido seu namorado. Ela conta isso para Bill, que comenta:
&#8212 Se você não tivesse me conhecido, você seria a esposa de um frentista…
Ela retruca:
&#8212 Não, Bill. Ele é que seria o presidente.

Já ouvi essa “piada” milhares de vezes, inclusive contada por um alto funcionário do governo de Minas durante um evento de políticas públicas para mulheres. Não achava e continuo não achando graça. No tal evento, me senti ofendida.

Que marido é esse que não reconhece os esforços da esposa para melhorar a vida do casal, achando que ela é tão burra que não conseguiria construir uma vida melhor com o ex-namorado? Que poder feminino é esse que tem de ficar oculto enquanto é responsável por criar o sucesso do marido?

Eu vejo essa “piada” muito mais como uma forma de colocar as mulheres na sombra, e fazê-las acreditar que o projeto de vida das mulheres é abdicar dos próprios interesses e apoiar a carreira dos maridos, na linha “o sucesso dele é o meu sucesso”, do que uma real demonstração de poder feminino.