O autor do blog tem o dever de cuidar da veracidade da informação que vai publicar, verificando sempre a origem da notícia que será divulgada. Por mais que o blogueiro tenha orgulho em ser pato do Cocadaboa, não deve divulgar boatos ou fatos não confirmados.

Este trecho foi escrito por mim e Túlio Vianna em um guia de “Noções de Direito para Blogueiros“, em outubro de 2004. Estamos em 2010, e eu reescrevo este trecho da seguinte forma:

A pessoa que tem blog, e-mail, twitter, participa de qualquer tipo de redes sociais tem o dever de cuidar da veracidade da informação que vai publicar, verificando sempre a origem da notícia que será divulgada. Por mais que tenha orgulho em ser a pessoa mais rápida a reproduzir qualquer notícia bombástica que lhe chega às mãos, não deve divulgar boatos ou fatos não confirmados.

Acho importante reforçar essa ideia, pois estamos no meio de uma das campanhas políticas mais sórdidas que já vi. O tempo todo são divulgados boatos, que são repassados sem análise crítica, gerando sucessivas reações inflamadas – e muitas vezes desprovidas do básico de refutação, educação e bom senso. As correções não são divulgadas, estimulando o tempo todo um clima de tensão, ódio e fofoca que em nada contribui para o processo democrático.

É preciso lembrar que divulgar uma notícia no twitter é semelhante a conversar com alguém usando megafones na rua mais movimentada da cidade. Não é possível controlar os rumos da conversa, nem quem está ouvindo, muito menos o quanto foi ouvido de cada uma das partes em diálogo. Pessoas que ouvirem trechos isolados não conhecerão o contexto, dificultando a correção de mal-entendidos.

Quando essas informações chegam distorcidas a blogs e sites de notícias (inclusive os profissionais, como redações de jornal), fica difícil corrigir os erros, pois o contexto está perdido. E, se houve má-fé e as informações distorcidas forem usadas para privilegiar alguém ou algum grupo específico, especialmente em período de eleições, teremos um efeito ainda mais daninho para a democracia.

Existem seres desprezíveis que desejam gerar ódio e tumulto ao inventar e divulgar informações falsas. Cabe a cada um/a de nós se recusar a fazer parte desse pacto de mentiras, zelando pela própria reputação e evitando ser manipulado/a para transmitir grosserias e informações falsas.

Temos, neste momento, de manter a cabeça fria. Não devemos nos precipitar divulgando qualquer informação que apareça na timeline ou no e-mail. É importante parar e avaliar:

  • Quem divulgou a mensagem?
  • Quem passou a informação tem credibilidade e poder para divulgá-las?
  • Por que essa pessoa/instituição divulgaria essa mensagem?
  • As informações da mensagem estão corretas?
  • Onde posso confirmar a veracidade da informação?
  • Houve distorção de conteúdo ou de contexto na veiculação da mensagem?
  • Meios de comunicação de massa estão divulgando a mensagem dentro de seu contexto, ou de forma distorcida?

Se qualquer uma dessas respostas indicar que a mensagem está fora de contexto, ou então que não é possível saber se a informação é verdadeira, ela não deve ser transmitida a mais ninguém. Se tiver acesso à correção da mensagem, divulgue-a imediatamente para diminuir os danos.

Parecem perguntas banais, mas que, se forem feitas a tempo e respondidas a sério, vão impedir a divulgação de mensagens falsas. O ódio, os xingamentos e a fofoca precisam dar lugar à racionalidade, ao bom senso, à discussão ponderada de ideias.

Quem perde com as mensagens falsas não é uma ou outro candidato a um cargo político. Quem perde somos todas/os nós, que passamos a viver em meio a fofoca e xingamentos que não melhoram o processo democrático.